Configuração de quadras e os bairros planejados
Há certa autonomia na maneira como as cidades se configuram, a partir de questões econômicas, socioculturais e outras necessidades naturais, garantindo diversidade de formas arquitetônicas e urbanísticas. Basta observar as cidades antigas e medievais, como a Cidade Velha de Ghadames e o assentamento Çatalhöyük (em inglês), que possuem traçados sinuosos, muitas vezes sem uma separação evidente entre espaços público e privado, ou mesmo quarteirões definidos.
Com a industrialização, os formatos orgânicos deram lugar a quadras com linhas paralelas e extensas vias para automóveis, como a Paris desenhada por Haussmann. Com a possibilidade de adensamento e encurtamento das distâncias que os formatos ortogonais oferecem, surgem desafios para conciliar a cidade para carros ao percurso do pedestre. O conceito da Cidade de 15 minutos surge nessa discussão.
Mas o que dizer sobre bairros que nascem totalmente planejados?
Os empreendimentos VivaPark Porto Belo, em Santa Catarina, e Parque Una, no Rio Grande do Sul, são bairros planejados que priorizam a existência de grandes áreas verdes. A estrutura das quadras garante traços bastante lineares nas áreas estritamente residenciais, com vias que se conectam facilmente e com praças abertas. Nas áreas comerciais, concentram-se os edifícios corporativos, cujas fachadas ativas têm relação direta com os parques, equilibrando os cheios e os vazios.
A reflexão sobre a configuração de quadras para uma cidade espontânea e saudável é pertinente independentemente da configuração. Desde as mais estruturadas, que enfrentam questões como a falta de terrenos para construir e vazios urbanos, até as cidades mais jovens, que possuem demanda para o crescimento planejado.