Como recuperar o “vazio” nas cidades causado pela pandemia?
Mudando drasticamente o estilo de vida da população, a pandemia também afetou a dinâmica e a configuração das cidades. Áreas extremamente movimentadas, dominadas por escritórios, se transformaram em espaços sem vida, principalmente pela adoção do home office, gerando grande preocupação de como resgatar o uso desses “vazios” urbanos e não deixar que eles se tornem “áreas fantasmas”.
Mesmo com a melhora na pandemia e a volta da vida urbana, após a vacinação, cidades como Washington (em inglês) e São Paulo continuam sofrendo com o esvaziamento das áreas de escritórios. O centro comercial de Washington luta para manter seus edifícios ocupados com fluxo de trabalhadores e visitantes; já o famoso eixo comercial paulista Vila Olímpia-Berrini continua sofrendo com um esvaziamento agudo.
Mesmo que a situação seja um reflexo da pandemia, esses “vazios” urbanos também ocorrem pela especialização da área em apenas uma atividade, causando inatividade em diversos centros comerciais do mundo. Então, por que não aproveitar a necessidade de melhoria na configuração das cidades e mudar o espaço urbano, para que essas áreas sejam atrativas o tempo todo?
A chave para o futuro dessas áreas “vazias” é trabalhar a configuração urbana de uma maneira mista em que as pessoas possam viver, trabalhar e se divertir em um mesmo local, não sendo apenas mais uma zona de escritórios onde, aos finais de semana, ficam totalmente sem uso. Essas áreas precisam ser vivas e manter pessoas vivendo, com comércio, cultura, gastronomia e educação, como quase um resgate da ideia da cidade de 15 minutos.
A ideia do uso misto foi reforçada na cidade de São Paulo pelo Plano Diretor Estratégico de 2014, no qual pontos de vista econômico e social foram trabalhados em um mesmo local. Para movimentar outros pontos da cidade, a câmara aprovou um projeto que facilita a reforma de prédios antigos, estimulando o retrofit. A startup Yuca, por exemplo, começou a realizar retrofit em regiões centrais, mostrando que existem oportunidades para se recuperar os vazios urbanos até pelo mercado imobiliário.