“Cidade de 15 minutos”, de utopia à realidade
O Modernismo foi um movimento que transformou a maneira de se construir ao apresentar técnicas e materiais inovadores. A revolução também afetou o planejamento das cidades, onde as funções básicas passaram a ser distribuídas de maneira lógica e racional, criando uma setorização entre moradia, trabalho, lazer e circulação. Mas por que esse modelo de cidade tão impessoal continua sendo discutido nos dias de hoje?
A típica organização modernista criou um distanciamento entre as funções, o problema é denominado "síndrome de Brasília" pelo arquiteto Jan Gehl, que acredita que a cidade é fantástica na teoria e na escala do carro, mas falha no olhar do pedestre. Falhas que acontecem porque as pessoas, o grande alvo da arquitetura e do urbanismo, foram esquecidas durante o processo, criando cidades sem vida que geram estresse e ansiedade há quem lá habita. Então como tornar essas cidades mais humanizadas?
Desde o começo dos anos 2000, passou-se a se discutir muito sobre a quebra do paradigma moderno nas cidades, como a “cidade de 15 minutos”, criada por Carlos Moreno, surgindo para garantir uma melhor qualidade de vida urbana na qual todas as necessidades básicas devem estar há poucos passos de distância. A premiada utopia pode parecer algo inalcançável, principalmente em grandes centros urbanos, mas a teoria ganhou força durante a pandemia e vai poder ser vista logo na capital da Coreia do Sul, Seul.
Chamado de “Projeto H1”, o bairro planejado vai transformar uma área industrial com 125 acres, abrigando diversas funções e deixando os carros de lado, o projeto prevê conveniências para uma vida plena a apenas alguns minutos de caminhada e, por isso, está sendo denominado de “cidade de 10 minutos”. Além de garantir as necessidades básicas perto das moradias, o projeto prevê energia limpa e captação e reuso de água.
Baseado no conceito de “cidade de 15 minutos”, o projeto coreano também reúne preceitos destacados por Jan Gehl no livro “Cidade para pessoas”, nos quais, para alcançar uma boa qualidade de vida, uma cidade deve ser viva, segura, sustentável e saudável. Esse pode ser apenas o começo de uma nova fase sobre como o mercado imobiliário passará a promover em seus projetos uma vida urbana plena e feliz, afinal as cidades devem ser para pessoas.