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Modelo de negócios ESG: um guia completo sobre o mercado imobiliário

Modelo de negócios ESG: um guia completo sobre o mercado imobiliário
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Por Vince
Índice

Práticas ambientais, sociais e de governança, conhecidas pela sigla ESG, estão se tornando a principal base das ações e investimentos das empresas. No mercado imobiliário, a tendência segue o mesmo caminho.

Cada vez mais, empresas que não se preocupam com impactos ambientais e sociais perdem espaço no mercado. Assim, independentemente do porte do negócio, adotar práticas sustentáveis e responsáveis é um fator decisivo para manter a competitividade.

Neste artigo, você entenderá o que é ESG e como esse conceito se relaciona com o mercado imobiliário. Continue a leitura e confira!

O que é ESG?

Em inglês, a sigla ESG significa “environmental, social and governance”. Os termos podem ser traduzidos para o português como ambiental, social e governança. Portanto, o modelo de negócio ESG é pautado na sustentabilidade e na responsabilidade social da empresa.

Isso significa que missões, visões, valores e operações de companhias ESG visam a preservar o ambiente e ajudam a transformar a sociedade de maneira positiva. Dessa forma, as companhias precisam colocar em prática iniciativas ambientais e sociais, além de respeitar normas administrativas.

Com a crescente preocupação acerca desses temas, o conceito ESG ganha mais destaque no mundo. Contudo, apesar da popularidade atual, o termo não é uma novidade — os primeiros investimentos com foco em ESG começaram a surgir por volta da década de 1970.

Principais características que formam o termo ESG.
Confira as principais características do termo ESG. Fonte: Blueprint

A partir dessa época, os três pilares passaram a ser utilizados como critério de análise para os investimentos. Com base em estilo de vida e crenças religiosas, alguns investidores começaram a direcionar seus recursos para empresas que estivessem alinhadas com os seus propósitos.

Os primeiros fundos de investimento da área foram criados com base em algumas regras, como evitar empresas que participassem de guerras ou tivessem sanções comerciais. 

Já em 2007, surgiram os primeiros green bonds. Os “títulos verdes”, como também são conhecidos, são emitidos para captarem recursos que serão utilizados para realizar melhorias ambientais e de qualidade de vida.

Como o modelo de negócio ESG funciona?

Para entender melhor como o modelo de negócio ESG funciona, é interessante conhecer os detalhes sobre os fatores que compõem a sigla. Confira!

Ambiental

Empresas que degradam, poluem ou usam matérias-primas em abundância não podem ser consideradas sustentáveis. Nesses casos, elas não terão um modelo de negócio ESG.

O oposto ocorre com as companhias que investem em fontes de energia renovável, apresentam certificações que comprovem sua sustentabilidade ou trabalham para minimizar sua emissão de carbono, por exemplo.

Social

Como você viu, obrigações sociais também são relevantes para um modelo de negócio sustentável. Elas envolvem trabalhos importantes para a comunidade local, além de relações justas com os profissionais que atuam em diferentes setores da empresa.

Portanto, o fator social envolve:

  • Garantia dos direitos dos trabalhadores;
  • Preocupação com a segurança do trabalho;
  • Cuidado com o bem-estar profissional e social.

Dessa forma, empresas ligadas a problemas trabalhistas, por exemplo, não cumprem os padrões ESG. Ademais, é essencial que as iniciativas sociais propostas passem por análises constantes para garantir que serão bem-sucedidas.

Governança

Por fim, empresas sustentáveis devem ter um bom modelo de negócios. Ele servirá como base para o desempenho da companhia no mercado. Logo, é esperado que os resultados apresentados estejam diretamente ligados a uma governança corporativa de qualidade.

Nesse sentido, são considerados fatores como:

  • Transparência na relação com investidores e na apresentação de informações;
  • Declarações financeiras adequadas aos resultados apresentados;
  • Diversidade e representatividade no conselho de gestão; entre outros.

Como o ESG se relaciona ao mercado imobiliário?

Depois de entender o conceito, fica claro que aderir os padrões ESG aos processos de qualquer empresa aumenta a atratividade para clientes, parceiros e investidores. Além disso, é uma forma de se posicionar frente aos desafios da sociedade contemporânea.

Assim, independentemente do setor de atuação, essa é uma forma de conquistar mais eficiência nas operações, buscar sustentabilidade a longo prazo e aumentar a resiliência durante crises, por exemplo.

O mercado imobiliário, especificamente, é um dos mais importantes para impulsionar o crescimento da economia. Isso porque, além de movimentar toda a cadeia produtiva, o setor proporciona o crescimento de emprego e renda.

Como o ESG se relaciona de diversas formas com o mercado imobiliário.
O ESG se relaciona de diversas formas com o mercado imobiliário. Fonte: Blueprint

O processo envolve desde a indústria de materiais de construção até o sistema de crédito necessário aos financiamentos. Ademais, o ciclo de negócio do setor de imóveis pode durar uma década, entre a aquisição do terreno, da construção, da venda, da ocupação e do período de garantia.

Por isso, os impactos dessas operações são relevantes no contexto das cidades. Logo, a utilização de métodos de construção pautados pelos princípios ESG está diretamente relacionada à perenidade dos negócios. 

Nesse sentido, pertencer ao setor imobiliário não se trata de apenas construir imóveis. Cada novo empreendimento se torna uma oportunidade para melhorar o lugar em que está inserido, respeitando as novas formas de viver e consumir.

Qual o impacto do ESG do mercado imobiliário?

Como os critérios ESG relacionam as atividades executivas às práticas éticas, sociais e de investimentos, adotar o conceito implica uma mudança importante na rotina das empresas. Elas precisam rever o modelo de negócio, considerando o desenvolvimento sustentável.

Em relação ao mercado de imóveis, o tema já faz parte da agenda de muitas imobiliárias, incorporadoras e construtoras. Cada vez mais, os clientes buscam espaços que estejam de acordo com as diretrizes ambientais e sociais.

Estas são as principais características e possibilidades que o ESG agrega como modelo de negócio.
Confira as principais características e possibilidades que o ESG agrega como modelo de negócio. Fonte: Blueprint

A sustentabilidade ganhou destaque, principalmente, porque existem soluções benéficas para o meio ambiente e úteis para as rotinas corporativas. Além disso, imóveis que contam com maneiras eficientes de reduzir os impactos ambientais, por exemplo, tendem a valorizar mais.

Em relação aos investidores, vale destacar que o modelo de negócio ESG tem uma relação bastante interessante com o mercado imobiliário em vários aspectos. Com as mudanças na forma de construir e reformar; a tendência é que mais investidores aportem dinheiro no setor, observando o critério de sustentabilidade.

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Quais ações já estão sendo tomadas pelo setor?

Algumas empresas do mercado imobiliário já estão se mobilizando quanto às boas práticas ESG. Confira os principais exemplos de iniciativas que podem ser tomadas para minimizar os impactos socioambientais do setor.

Iniciativas ambientais

Uma das iniciativas já adotadas por construtoras se relaciona com a utilização dos recursos naturais. Com o auxílio de softwares de gerenciamento, por exemplo, é possível controlar o consumo de energia elétrica, água e destinação de entulho de cada obra.

Medir a quantidade de carbono emitido, embora não seja um processo simples, também se tornou importante. Com esse resultado, as companhias podem desenvolver um plano de ação para minimizar o lançamento de poluentes. Como exemplo, é possível fazer a compensação das emissões por meio da compra de créditos de carbono. 

Outro ponto relevante está na escolha dos materiais utilizados na construção. Em vez de construir as paredes internas de um apartamento em blocos, há como fazer em drywall. Isso evita o consumo excessivo de água e gera menos resíduos — que, em alguns casos, podem ser reciclados.

Cada iniciativa utilizada na construção civil pode ser compartilhada com os investidores e com a sociedade por meio de painéis digitais socioambientais. Eles podem ser instalados nos tapumes das obras, em posição visível a todos.

Assim, esses painéis exibem os números de consumo de energia, água, empregos gerados, percentual de material reciclado, emissão de gases de efeito estufa, horas de treinamento etc.

Ainda em relação às iniciativas ambientais, é fundamental que a empresa trabalhe para que não ocorram contaminações de água, solo, disseminação de doenças e outras formas de destruição ambiental.

Iniciativas sociais

É possível criar programas para tornar as equipes de escritório e obras mais integradas. As empresas do setor imobiliário podem assumir um compromisso de promover a igualdade de gênero e desenvolver um ambiente de trabalho acolhedor e livre de discriminação.

Campanhas de doação para instituições e Organizações Não Governamentais (ONGs) também são iniciativas sociais que podem ser aplicadas. Por fim, ações de melhoria do entorno das obras, como revitalização de espaços públicos, são outras formas de impacto social positivo para a comunidade.

Iniciativas de governança

As práticas de governança corporativa devem ir além das demandas regulatórias. Os projetos devem garantir a sustentabilidade do negócio no longo prazo. Para isso, a companhia pode focar em melhorar as práticas de gestão no que diz respeito à transparência e à equidade da administração.

Entre as ações que podem ser tomadas, estão:

  • Divulgar atos societários;
  • Desenvolver programa de gestão de riscos corporativos e controles internos;
  • Criar treinamentos aplicáveis a todos os níveis hierárquicos da empresa;
  • Divulgar anualmente o código de conduta;
  • Criar um canal de denúncias para colaboradores, fornecedores e clientes;
  • Estabelecer um comitê de ética;
  • Divulgar publicamente as principais políticas relacionadas às práticas de governança.

Quais são os desafios enfrentados?

O setor imobiliário é um dos que mais afetam o meio ambiente no mundo. A área é uma das principais em emissão de carbono, provenientes de edificações. Por isso, se não forem adotadas soluções, o próprio segmento será um dos principais afetados pelas consequências desse ato.

Portanto, a discussão está pautada em como as empresas podem minimizar seus impactos negativos e trabalhar melhor seus efeitos positivos. Contudo, como toda mudança envolve desafios, o mercado imobiliário tende a encontrar problemas relacionados a:

  • Falta de orçamento e recursos;
  • Dificuldade em acompanhar as demandas existentes com a mesma rapidez;
  • Falta de tecnologia alinhada às necessidades;
  • Pressão de lideranças que desejam acelerar o progresso em relação às metas de sustentabilidade.

Essa pressão pode vir por parte de investidores, clientes, colaboradores e governos. O processo, muitas vezes, é movido por incentivos financeiros, que exigem resultados alinhados aos critérios de sustentabilidade.

Assim, para avançar nessa pauta, as organizações precisam de planejamento, conhecimento e resiliência. O assunto é complexo, traz diversos desafios e demanda diferentes ações. Por outro lado, os retornos surgem no médio e longo prazos, com redução de custos e aumento do valor de mercado, por exemplo.

Como implementar o modelo ESG na imobiliária ou na incorporadora?

Depois de entender mais sobre o assunto, é possível compreender a importância de imobiliárias e incorporadoras que começaram a implementar boas práticas de ESG. Acompanhe algumas dicas para colocar os critérios em prática.

Busque inspirações

O primeiro passo para implementar mudanças na organização envolve ler e conhecer exemplos de empresas, lideranças e contratos que tenham como objetivo social promover regras de sustentabilidade.

Como as práticas ESG já são bastante comuns em outros mercados, a imobiliária ou a incorporadora pode se inspirar em companhias de diferentes portes e setores. Essa dinâmica ajuda a conhecer ações que já foram empregadas e deram certo.

Mapeie processos internos e externos

Mapear seus processos é uma excelente forma de identificar o que precisa ser mudado. Para isso, existem algumas perguntas que a empresa pode fazer, como:

  • A companhia emite muitos poluentes?
  • Os materiais usados são os mais adequados?
  • Existem ações sociais que podem ser implementadas?
  • Colaboradores, clientes e fornecedores estão satisfeitos?

Após identificar seus processos, fica mais fácil definir atitudes de impacto positivo. Aproveite, ainda, para analisar a concorrência e entender quais iniciativas ESG elas aplicam em suas rotinas de trabalho.

Não deixe de conversar com investidores e colaboradores para ter uma visão externa dos critérios que podem ser mudados ou devem ser implementados na sua governança.

Crie políticas de incentivo

Outro passo importante é criar políticas e disseminar o conhecimento dentro da empresa. Para alcançar esse objetivo, os gestores podem promover ações, palestras e valorizar atitudes positivas. Esse processo também ajuda a engajar os colaboradores.

Também é válido criar um conselho de administração, comitê ou órgão da empresa que servirá como fiscalizador das regras. Além de supervisionar, ele deverá atuar na divulgação da cultura de sustentabilidade e impactos positivos.

Defina indicadores

As empresas do mercado imobiliário devem criar indicadores de acompanhamento, aprimorar as boas práticas e desenvolver metas claras de melhoria. Tudo precisa ser sistematizado e documentado, para que todas as equipes possam participar do processo.

Ao criar os indicadores de impacto social e ambiental, é válido contar com o apoio de uma auditoria para avaliá-los. Afinal, os critérios ESG visam a trazer instrumentos que ajudem a promover mudanças no mundo, prevenindo problemas socioambientais e prestando contas aos stakeholders.

Agora você sabe como o modelo de negócio ESG é fundamental também para o mercado imobiliário. Desse modo, o setor precisa aprimorar diversos processos para garantir o cumprimento da pauta, o que exige esforço, comprometimento e ética.

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