A volta para as cidades: o que aconteceu com o êxodo urbano de 2020?
Há pouco mais de um ano, o mundo atravessava o início de um período que duraria mais do que o inicialmente imaginado, o qual nos fez mudar a maneira como vivemos e nos perguntar se ainda viveríamos nesses enormes centros urbanos. O fechamento de comércios, o trabalho transferido à modalidade home office e o alto custo de vida na cidade grande fizeram com que cidades vizinhas e bairros mais periféricos passassem a ser lugares de alta demanda para paulistanos. Mas o que de fato aconteceu com este chamado “êxodo urbano”?
Uma pesquisa americana baseada no estudo de dados de 45 milhões de celulares mostra que quem teve o privilégio do home office foram famílias e pessoas com alto poder aquisitivo, moradores de zonas nobres e estudantes de pós-graduação.
Enquanto moradores de bairros desfavorecidos permaneceram menos tempo em casa durante o lockdown, ou seja, tiveram que continuar saindo para trabalhar.
Atualmente, é possível observar a retomada do trabalho presencial, principalmente em modalidade flexível. E quem havia se distanciado dos grandes centros? Pesquisas apontam que as cidades estão voltando a ativa e com ainda mais força em lugares turísticos, como é o caso de Nova Iorque; e no Brasil cidades como Gramado, onde houve aumento de visitantes em relação a 2019. Após um ano de queda, os aluguéis estão voltando a aumentar em São Francisco, como mostra a Zillow; e em São Paulo também houve aumento de contratos fechados tanto no aluguel quanto nas vendas.
No fim, um ano após a saída das metrópoles, vemos que tal êxodo foi para poucos, deixando ainda mais visíveis disparidades sociais existentes, como ironicamente mostra a matéria "Urbanóides convictos estão se despedindo da vida pacata”, de The Summer Hunter. Ficando evidente que o principal público desse êxodo temporário foram os nômades digitais, que aproveitaram esse momento para viver novas experiências e agora estão retornando às metrópoles.