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Moradias com senso de comunidade

Implantação de uma das partes da Community First! Village.
Foto da autora Nathalia Zanardo

Em 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou e proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, um documento que estabelece medidas que garantam direitos básicos para uma vida digna. Segundo o artigo XXV do tratado internacional: “Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis […]”.

Mesmo sendo parte do tratado, o Brasil tem problemas em assegurar direitos básicos à sua população. Um dos números mais marcantes no País é a falta de moradia, que representava em 2019 um déficit de quase 8 milhões de domicílios. Como uma forma de solucionar esse problema, diversos programas habitacionais foram criados ao longo dos anos. Mas se só resolvermos a parte habitacional, como os outros direitos básicos ficam?

Pensando na totalidade de uma vida digna, o projeto chamado de Community First! Village se destaca ao criar um ecossistema completo, oferecendo aos seus moradores tudo o que precisam para uma vida melhor. Localizado em Austin, no Texas, o projeto foi idealizado por Alan Graham e prega o conceito de comunidade em todos seus espaços. Composto por pequenas casas, o complexo possui diversas áreas comuns que funcionam com o trabalho dos próprios moradores. Cada morador precisa pagar um aluguel mensal, cujo dinheiro acaba vindo dos trabalhos prestados na própria comunidade.

Implantação de uma das partes da Community First! Village.
Implantação de uma das partes da Community First! Village. Além de casas, o projeto contém áreas comuns, como: lavanderia, cinema, fazenda, mercado e mais. Fonte: Mobile Loaves and Fishes

A ONG organizadora do projeto, Mobile Loaves & Fishes, também ajuda os moradores a acharem um emprego; reerguendo a vida, eles conseguem dar seu lugar na vila para novas pessoas que precisam de um lar. O projeto com senso de comunidade vem dando tão certo que em abril deste ano foi confirmada sua expansão, criando 1.400 novas moradias (em inglês). No cenário nacional, alguns projetos como o Jardim Edite demonstram a integração entre moradia e alguns direitos básicos, mas ainda está muito longe do ideal. Talvez no futuro, o Brasil se inspire na vila e crie bairros planejados com pensamento de comunidade.

O Community First! Village pode servir de exemplo para futuras construções habitacionais, não só como o senso de comunidade é benéfico, mas como oferecer uma infraestrutura para recomeçar faz a diferença. Afinal, viver de maneira digna não se resume apenas a uma moradia, e como Alan Graham diz: “Casas não vão resolver o problema dos sem-teto, o senso de comunidade vai”.