Moradias com senso de comunidade
Em 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou e proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, um documento que estabelece medidas que garantam direitos básicos para uma vida digna. Segundo o artigo XXV do tratado internacional: “Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis […]”.
Mesmo sendo parte do tratado, o Brasil tem problemas em assegurar direitos básicos à sua população. Um dos números mais marcantes no País é a falta de moradia, que representava em 2019 um déficit de quase 8 milhões de domicílios. Como uma forma de solucionar esse problema, diversos programas habitacionais foram criados ao longo dos anos. Mas se só resolvermos a parte habitacional, como os outros direitos básicos ficam?
Pensando na totalidade de uma vida digna, o projeto chamado de Community First! Village se destaca ao criar um ecossistema completo, oferecendo aos seus moradores tudo o que precisam para uma vida melhor. Localizado em Austin, no Texas, o projeto foi idealizado por Alan Graham e prega o conceito de comunidade em todos seus espaços. Composto por pequenas casas, o complexo possui diversas áreas comuns que funcionam com o trabalho dos próprios moradores. Cada morador precisa pagar um aluguel mensal, cujo dinheiro acaba vindo dos trabalhos prestados na própria comunidade.
A ONG organizadora do projeto, Mobile Loaves & Fishes, também ajuda os moradores a acharem um emprego; reerguendo a vida, eles conseguem dar seu lugar na vila para novas pessoas que precisam de um lar. O projeto com senso de comunidade vem dando tão certo que em abril deste ano foi confirmada sua expansão, criando 1.400 novas moradias (em inglês). No cenário nacional, alguns projetos como o Jardim Edite demonstram a integração entre moradia e alguns direitos básicos, mas ainda está muito longe do ideal. Talvez no futuro, o Brasil se inspire na vila e crie bairros planejados com pensamento de comunidade.
O Community First! Village pode servir de exemplo para futuras construções habitacionais, não só como o senso de comunidade é benéfico, mas como oferecer uma infraestrutura para recomeçar faz a diferença. Afinal, viver de maneira digna não se resume apenas a uma moradia, e como Alan Graham diz: “Casas não vão resolver o problema dos sem-teto, o senso de comunidade vai”.