Horta em condomínios, um novo artifício da sustentabilidade
Tornou-se cada vez mais comum ver a utilização de hortas nos lançamentos do mercado imobiliário. Talvez seja o mais próximo que conseguimos chegar da ideia das agrihoods ou uma maneira da arquitetura contribuir com a produção de alimentos e aproximar as pessoas de um dia a dia mais verde.
No Brasil, a produção alimentícia gera grandes consequências, desde o uso de agrotóxicos aos grandes deslocamentos de cargas, causando danos ao meio ambiente e à saúde dos consumidores. Segundo o Plano Nacional de Logística, 65% do transporte de alimentos em 2015 foi feito através do sistema rodoviário, responsável por emitir mais de 100 milhões de toneladas de CO₂ por ano. Em 2020, a área agrícola que utiliza agrotóxicos cresceu 7,1%, mostrando o aumento do uso dessa substância tão nociva à saúde.
Em contrapartida desses acontecimentos, empreendimentos residenciais como o Lisboa 142, o Hera Perdizes e o Huma Itaim surgiram, implantando hortas dentro de seu condomínio e reduzindo problemas da produção de alimentos. Rafael Rossi, fundador e diretor-administrativo da incorporadora Huma, reafirma a importância e os benefícios desse espaço: “A horta é um símbolo […], não com a pretensão de sustentar toda a necessidade dos moradores, mas a proposta é simbólica de contribuir com a alimentação saudável e reduzir a distância do consumidor.”
Rafael entende a horta como um artifício sustentável que possivelmente se tornará uma tendência do mercado imobiliário, mas afirma que sua inserção em projetos está em teste na incorporadora, já que o empreendimento que a utiliza ainda não foi lançado. Quando questionado da possibilidade de aplicar esse conceito nos próximos lançamentos, afirmou: “Se a horta der certo, não ficar abandonada, o condomínio cuidar e os moradores gostarem, com certeza vamos levar adiante.”
Provavelmente as hortas vão continuar sendo uma crescente nos lançamentos imobiliários, já que ganharam popularidade até mesmo no enfrentamento da pandemia, sendo uma maneira de fazer com que o condomínio se torne mais sustentável sem a necessidade de uma certificação. E, nas palavras de Rafael, as hortas são: “Pequenos símbolos que fazem a diferença [...] que contribuem com a comunidade e com o meio ambiente.”