Endereço digital para favelas gera oportunidades
Os assentamentos informais, como as favelas brasileiras, por vezes, são um desafio para o sistema de mapeamento convencional. Há iniciativas como o Beyond The Map que surgiram para possibilitar uma experiência panorâmica em locais nos quais o Google Street View não consegue chegar.
Mas a questão vai além, pois a configuração de quadras espontâneas combinada aos relevos oscilantes e acidentados de alguns desses territórios pode tornar o sistema de endereços formais bastante ineficiente, afinal não há como identificar ruas ou números de maneira ordenada.
Considerando esses espaços das cidades, o Google desenvolveu um sistema que já está oferecendo endereços digitais a moradores de Paraisópolis e também para 1,4 milhão de moradores em Calcutá (em inglês), na Índia. A mágica acontece por meio de Plus Codes (em inglês), que são basicamente a combinação entre a latitude e a longitude, resultando em um código com letras e números capaz de fornecer a localização exata do residencial.
A partir dos endereços digitais, um mundo de possibilidades se abre, tornando possível, até mesmo, a atuação de startups de entrega como a Favela Brasil Xpress. A empresa surgiu com o objetivo de oferecer assistência para famílias cadastradas por meio de cestas básicas e máscaras, mas logo evoluiu para a entrega de compras on-line, contando com parceiros como Casas Bahia, Americanas e Riachuelo.
No comparativo entre os anos de 2010 e 2021, a quantidade de favelas duplicou no Brasil e, apesar de serem territórios onde os efeitos da pobreza incidem diretamente e de maneira bastante agressiva, as favelas têm poder de compra de R$ 119,8 bi. Portanto, o sistema de endereços digitais busca não só resolver a questão do preconceito de CEP, mas também oferecer infraestrutura para que empresas de diversos setores atuem em contextos que fogem do ideal de “cidade organizada''.