Caso Shein: e se fosse no mercado imobiliário?
Estamos acompanhando uma fase horrível para o varejo: Magalu de mal a pior, prejuízo enorme da Marisa, recuperação judicial da Amaro. A Renner, que também está mal, começou a levantar a bandeira por uma taxação de impostos mais justa para as chinesas, principalmente a Shein.
Aqui no Brasil, nada mudou, afinal, a taxação continua sendo feita para compras a partir de US$ 50. Já os chineses, melhoraram muita coisa:
- Conseguiram uma logística de entrega muito mais rápida;
- Reduziram ainda mais os preços;
- Ficaram melhores em tecnologia, com apps com alta taxa de engajamento;
- Subiram a barra na qualidade com roupas comparáveis às marcas fast fashion.
Fico pensando o que isso tem a ver com o mercado imobiliário. E se chegasse um player com condições de cobrar metade dos preços, mesmo com concorrência desleal ou até suspeitas de trabalho escravo? Ainda assim as pessoas comprariam imóveis dessa empresa?
Eu acredito que o efeito no mercado imobiliário seria até pior do que está acontecendo no varejo.
A única forma de uma empresa fugir de guerra de preço é ter um produto incrível e incomparável. Algumas construtoras até são boas em criar produtos excelentes, mas poucas são boas em apresentar com riqueza de detalhes. No final das contas, quase todos os produtos viram "Pinheiros, 2 quartos" e "Vila Mariana, 3 quartos".
Além disso, quando um empreendimento tem sucesso, normalmente o crédito vai para o produto e raramente para as marcas. Isso faz com que os compradores de imóveis não busquem por marcas, tornando a comparação de produtos mais natural.
E tudo isso não depende de padrão do empreendimento. Uma empresa pode ter o objetivo de fazer o produto mais incrível de todos do Minha Casa Minha Vida.
Não é uma questão de se preparar para a concorrência, chinesa ou não. É questão de criar produtos incomparáveis, sem que isso seja desculpa para cobrar um preço injustificável.