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A arquitetura residencial já indica novos rumos pós-COVID-19

A arquitetura residencial já indica novos rumos pós-COVID-19
Foto da autora Thainá Neves

Vivenciar o espaço residencial 24 horas por dia tem criado novas perspectivas para as formas de morar. Incorporar novas demandas ao espaço da casa, como o trabalho remoto, exercícios físicos e momentos de lazer, também sugere mudanças na maneira como se projeta empreendimentos.

Plantas com metragens maiores podem ganhar soluções, como as utilizadas em Singapura, que propõem diversos graus de privacidade visando o conforto. Nelas, é comum que haja uma espécie de suíte independente, multiuso, ligada ao resto da residência apenas por um hall de entrada (foyer). Assim, o ambiente de trabalho pode ser ampliado, acoplando confortavelmente mais uma pessoa, uma pequena academia pode ser criada ou até mesmo uma sala de diversões com circuito de atividades infantis.

Planta da unidade Dual-key do condomínio 120 Grange, localizado em Singapura (Destaque nosso). Fonte: 120 Grange.

Talvez não seja necessário ter casas maiores. A demanda que surgiu agora é por plantas mais inteligentes. Na nossa visão, deveríamos começar as mudanças pelas áreas  subutilizadas nos imóveis. Por exemplo, faz sentido um terraço que é utilizado somente aos domingos ser três vezes maior do que a cozinha? Existe uma demanda real por mais espaço para home office e ambientes bem iluminados, exatamente como os terraços.

Para moradias menores, soluções como mobiliário flexível e multifuncional possibilitam que um mesmo ambiente seja transformado de acordo com as necessidades do momento. A Vitacon, especialista em apartamentos compactos, inspira-se na otimização de espaços em barcos, combinando setorização que aproveita ao máximo pequenas metragens nesse conceito de mobiliário.

Estúdio de 10 m² da Vitacon, condomínio Nova Higienópolis. Fonte: Youtube.

As áreas sociais dos condomínios continuam sendo muito importantes, mas a utilização da capacidade máxima precisa funcionar mais e para todos. Coworkings nos condomínios precisarão rever a infraestrutura de internet e estações de trabalho. Salões de festas com capacidade para 60 pessoas poderiam ser divididos em dois, para 20 pessoas cada, ampliando as opções e reduzindo a aglomeração. Espaços fitness darão lugar a ambientes em que a prática esportiva dispensa o compartilhamento de equipamentos. Mais uma vez, a criatividade ditará os próximos padrões.

O ideal de moradia perfeita, ditado por tendências, agora abre espaço para as necessidades reais de cada família. Iniciativas como a do perfil Habitar a Quarentena visam criar uma coletânea de experiências dos moradores com suas casas, nessa época de confinamento, o que é importante para guiar os rumos da arquitetura residencial.

Foto da autora Thainá Neves
Arquiteta dedicada á pesquisa desde o inicio de sua formação, sempre atenta ao que surge de melhor para a criação de cidades mais sustentáveis.
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