Adeus prédios bege em São Paulo
As cores, tão presentes nas arquiteturas regionais brasileiras, no artesanato e nas pinturas corporais indígenas, tornaram-se escassas com o desenvolvimento das grandes metrópoles brasileiras. Tanto que, edifícios ícones produzidos antes da década de 60 são ainda referência na aplicação de cores na fachada; é o caso do Edifício Louveiras, de João Vilanova Artigas, Edifício Viadutos e Edifício Planalto de Artacho Jurado e do Edifício Germaine Burchard de Enrico Brand.
Atualmente, os prédios bege (e também os espelhados) são tão numerosos em cidades como São Paulo, que correm o risco de tornarem-se banais e irrelevantes ao olhar. No entanto, há uma movimentação de construtoras, escritórios de design e arquitetura que vão contra a essa enxurrada de produções monótonas, fazendo do uso das cores o principal diferencial de seu trabalho.
No You, Harmonia as fachadas receberam brises amarelos, uma aplicação pontual de cor que faz total diferença na estética externa e se mostra como uma possibilidade simples, mas transformadora.
Já o Bem Viver Estação Marechal, que é um empreendimento econômico, possui mistura de texturas coloridas que dão movimento ao edifício. Em outros casos, a fachada torna-se mural artístico, estendendo a arte presente nas áreas comuns para um local com total visibilidade.
Afirmar que a arquitetura de qualidade se expressa por conta própria e, por esse motivo, deve ser neutra, é um erro. Da mesma maneira que o grande arquiteto Ruy Ohtake afirmou que "cor é vida”, pode-se dizer, considerando a produção imobiliária contemporânea, que cor também é oportunidade.