O alargamento das praias em Balneário Camboriú é a verdadeira solução?
O planeta vem sofrendo muito com as mudanças climáticas. Segundo o esboço de um relatório do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), a elevação do nível do mar é uma consequência certa, algo que afetará diretamente diversas cidades, expondo milhares de pessoas a riscos.
Veneza, na Itália, é hoje o caso mais emblemático, sofrendo constantemente com inundações causadas por diversos fatores, um deles o aumento do nível do mar. No Brasil, esse problema também já é real, afinal, temos uma das maiores costas litorâneas do mundo. Balneário Camboriú é uma das cidades mais afetadas, e, para tentar resolver o problema, a prefeitura decidiu investir R$ 67 milhões em uma grandiosa obra de alargamento da orla, expandindo para 70 metros a faixa de areia, com o objetivo de proteção contra o aumento do nível do mar.
Convenientemente a obra também resolve o problema do sombreamento na orla, garantindo mais horas de sol na faixa de areia. E, apesar da possibilidade de gerar um ganho econômico enorme, a expectativa sobre essa transformação é tão grande que afetou diretamente a dinâmica local:
- Fez com que o preço dos imóveis na cidade subisse em 10%;
- Gerou diversos impactos ambientais;
- Causou a alteração do ecossistema local;
- Afetou o meio ambiente.
O caso de Balneário Camboriú não é isolado, outras praias brasileiras também passaram por um processo de alargamento de suas orlas, entre elas uma das mais famosas é a praia de Copacabana, que foi transformada na década de 70, mas hoje o mar já voltou a encobrir a faixa de areia e a ameaçar as construções locais, fazendo com que soluções como esta sejam questionáveis a longo prazo.
Quando paramos para refletir e entender o que poderia ser feito para ajudar as cidades litorâneas, percebemos que a solução para lidar com o aumento do nível do mar não deve ser pautada apenas na expansão da faixa de areia e sim em um conjunto de ações que realmente vai resolver o grande problema, as mudanças climáticas. Grandes obras podem parecer uma solução, mas não vão evitar um futuro submerso.