Incorporadoras chinesas devem cerca de US$ 5 trilhões
O mercado imobiliário sempre foi um dos grandes responsáveis pelo crescimento exponencial da economia da China, em que só o setor representa mais de 25% do PIB do país. Com um plano de urbanização intenso e um fácil acesso ao crédito, os grandes empréstimos fizeram com que o governo chinês lançasse uma campanha em 2020 para conter o endividamento excessivo.
Esse movimento fez com que empresas do setor imobiliário, como a Evergrande, passassem por problemas para quitar suas dívidas, acumulando mais de US$ 300 bilhões em débitos abertos. Com a desaceleração da economia mundial devido à pandemia, a venda de imóveis teve uma grande queda, gerando um atraso no caixa para construção e entrega das unidades que já haviam sido vendidas.
A situação gerou uma "crise de confiança" no mercado imobiliário, fazendo com que os compradores perdessem a paciência e decidissem suspender o pagamento de suas prestações com medo de que as incorporadoras não terminem suas casas. Conduzindo a situação do setor a um "círculo vicioso" e aumentando a dificuldade da empresa de lidar com a crise.
Mesmo que o endividamento da Evergrande tenha chamado atenção, outras gigantes do setor vêm enfrentando grandes dificuldades. A maior construtora chinesa, a Country Garden, registrou um declínio de 96% nos lucros no primeiro semestre de 2022. E só no final do segundo trimestre de 2021, as incorporadoras chinesas deviam cerca de US$ 5 trilhões, valor quase quatro vezes maior que o PIB do Brasil em 2021.
Os efeitos da crise imobiliária já estão sendo sentidos. No início do ano, o principal índice da Bolsa de Valores de Xangai caiu 12% e essa queda pode ser ainda maior para os especialistas. Para tentar resgatar o setor, o governo lançou um plano com novas garantias de títulos e reservou US$ 29,3 bilhões em créditos para retomada da construção de imóveis, além do corte de juros do crédito habitacional.
Com medidas tímidas do governo chinês perto da escala real do problema, especialistas apontam que a crise imobiliária precisa ser monitorada de perto. Além de impactar os preços das commodities no cenário mundial, suas dimensões podem, até mesmo, gerar uma crise de confiança em nível global.