Airbnb e as transformações do mercado imobiliário na Europa e em São Paulo
Recentemente, os centros históricos de cidades turísticas europeias, como Lisboa, Barcelona e Paris, destacaram-se com opções de apartamentos de aluguel de curta duração por meio de plataformas como o Airbnb. Essa situação, muito favorável aos turistas, por outro lado desencadeou circunstâncias opostas para os residentes, que se viram diante de poucas opções de imóveis para alugar e com preços bem mais altos.
Com a pandemia, o jogo virou nas capitais europeias. Os imóveis para locação de férias ficaram vazios e, o que poderia ser visto como uma crise, para muitas cidades foi uma chance de recuperação de imóveis para locação padrão (2 anos) e de abaixar o preço dos aluguéis longos, como aconteceu em Dublin. Algumas cidades iniciaram campanhas para ajudar a reverter essa situação com medidas como controlar a quantidade de imóveis destinados ao Airbnb, restringir zonas onde a atividade é permitida, como em Barcelona, e exigir o pagamento de taxa anual, como em Los Angeles ou Nova York, que proibiu o registro de mais de um imóvel por usuário.
Aqui em São Paulo a história é outra. Embora a cidade receba, normalmente, mais de 15 milhões de turistas anualmente e plataformas como o Airbnb estejam bastante presentes, o aluguel segue sendo, em maior parte, por períodos longos, e inclusive ganhou versões alternativas recentemente, como o aluguel por assinatura.
No entanto, o aluguel de curta duração é um tema que tende a crescer por aqui, e o caminho, segundo Raquel Rolnik para o LabCidade, é controlar esse tipo de aluguel e não deixar que a situação europeia se reflita por aqui. Para isso, já estão sendo criadas regulamentações, como o Projeto de Lei 748/15, cuja proposta é alterar a Lei do Inquilinato (nº 8.245/91) para atualizar o modelo de locação por temporada, incluindo plataformas on-line.
Ainda assim, apesar do atual crescimento dos serviços de aluguel mais flexíveis e com menor duração, em um ano de taxa Selic em baixa histórica, as vendas de imóveis dispararam, fato que mostra que o brasileiro segue valorizando a casa própria, algo inato à cultura do país.