As polêmicas moradias subterrâneas na Coreia do Sul
Ganhador do Oscar de Melhor Filme em 2020, Parasita foi premiado com um enredo crítico sobre desigualdades de classe e problemas habitacionais. No desenrolar da história, duas famílias com realidades bem diferentes se cruzam: enquanto uma família é rica e mora em uma casa luxuosa, a outra família é pobre e precisa morar em uma espécie de porão.
Poderia ser apenas um cenário para o filme, mas as moradias subterrâneas são bem comuns na Coreia do Sul. Chamados de banjihas, os “apartamentos-porão” são pequenos e não possuem iluminação natural, tornando o espaço quase insalubre para se viver. Mas em um momento em que os preços de moradias explodiram no país e os aluguéis aumentaram, muitas pessoas recorreram a eles como a única alternativa.
Quando as chuvas intensas atingiram a Coreia do Sul em 2022, a vida imitou a arte e as inundações retratadas no filme viraram realidade. Os apartamentos subterrâneos ficaram totalmente embaixo d'água e, pelo menos, três pessoas morreram afogadas. Por conta dos perigos e dos riscos, o país decidiu eliminar os banjihas e prometeu criar habitações para as famílias. Mas promessas como essas já foram feitas e não foram cumpridas, o que pode deixar milhares de pessoas sem ter onde morar.
No Brasil, apesar de as condições não serem iguais aos banjihas, o problema habitacional existe de uma maneira muito parecida. Em um momento de instabilidade, o aluguel residencial aumentou 15,95% em um ano, fazendo com que quase 9 milhões de brasileiros fossem obrigados a morar em áreas de risco sujeitas a deslizamentos e enchentes. Episódios como o de Petrópolis mostram a falta de segurança habitacional no País, enquanto milhares de pessoas continuam aguardando por suas casas.